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Urban95: quando as cidades são feitas para as crianças

A importância da atenção específica às crianças de 0 a 6 anos: conheça a iniciativa Urban95, da Fundação Van Leer

Elaine Camilo* Publicado em 16/10/2023, às 16h00

Jundiaí, no interior de São Paulo, é um exemplo de cidade amiga das crianças
Jundiaí, no interior de São Paulo, é um exemplo de cidade amiga das crianças

Como cuidar das nossas crianças com idade de 0 a 6 anos? O que elas precisam? O que oferecer de estrutura para que tenham saúde, qualidade de vida, diversão, educação e cultura? Há políticas públicas no nosso país voltadas para isso?

O Brasil tem hoje cerca 20,6 milhões de crianças nessa faixa etária (fonte: Datasus – Ministério da Saúde 2021), considerada a “Primeira Infância”, e essa população precisa de uma dedicação específica por parte do poder público, pois é com essa idade que elas passam por experiências que serão levadas para o resto da vida.

Isso tudo foi discutido no encontro da URBAN/95, na cidade de Jundiaí, com a participação de prefeitos e representantes de 27 cidades brasileiras que já tem projetos e trabalhos dedicados especificamente ao bem estar e desenvolvimento dessas crianças. Afinal, investir na primeira infância é investir no futuro.

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Mas por que Urban 95? Porque 95 centímetros é a altura, em média, de uma criança de 3 anos e idade. E os integrantes, arquitetos e urbanistas do movimento se preocupam sempre em pensar a cidade com o olhar e opinião dessas crianças.

Para a arquiteta Ursula Troncoso, que é uma das colaboradoras da Urban 95, antes do gestor público fazer qualquer coisa na cidade dele, ele tem que ouvir as crianças, saber como pensam, saber quais as necessidades, quais as demandas que essas crianças precisam. E isso, muitas vezes, se transforma numa solução mais eficiente e menos custosa para as cidades.

A experiência de municípios referência como Jundiaí (SP) e Boa Vista (RR) mostram que intervenções urbanas simples como os parques humanizados utilizando areia, troncos de árvores, água, cordas e bambus se mostraram eficiente para o estímulo dessas crianças. Cada cidade tem que verificar qual a forma que faz mais sentido para as necessidades das crianças de cada município.

Claudia Vidigal, que representa a Fundação Van Leer no Brasil, diz que Jundiaí, por exemplo, já tinha uma agenda de crianças com um comitê de participação das crianças, elas estão no centro da agenda, são escutadas, constroem a política junto com os gestores públicos e foi a partir dessa experiência inicial de Jundiaí que eles puderam avaliar como cidade modelo e levar essas iniciativas para outras cidades.

Em Jundiaí há a Fábrica das Infâncias, o Mundo das Crianças, o Programa Escola Inovadora, as Hortas Comunitárias, todas pensadas e focadas para crianças com idade entre 0 e 6 anos. (C.V.)

A Urban 95 é uma iniciativa da Fundação Van Leer, mas segundo Claudia Vidigal, ela só acontece com a vontade política de gestores públicos que tem o desejo de olhar para suas cidades e priorizar a primeira infância. Há mais de 80 cidades no mundo orientadas por Fundação Van Leer, sendo que 27 cidades estão no Brasil e são comprometidas com essa agenda; cidades com intervenções urbanas, programas, parques, projetos de engenharia de trânsito, intervenções urbanas perto de creches e escolas focadas para esse público infantil.

O resultado desse investimento é mais profundo e duradouro porque se está pensando a longo prazo, investindo em crianças que serão as pessoas que vão gerir o país e o mundo brevemente. O que acontece no começo da vida de uma criança é que vai servir de alicerce para o seu futuro. Então, investir numa criança, é investir a longo prazo, pensando num futuro melhor.

*Elaine Camilo é jornalista e colaboradora do site