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O boom do nomadismo digital: bolha ou solução criativa à busca pela felicidade no trabalho?

Modelo de trabalho cresceu muito durante a pandemia

Robson Gisoldi* Publicado em 28/03/2023, às 06h00 - Atualizado às 22h23

Imagem O boom do nomadismo digital: bolha ou solução criativa à busca pela felicidade no trabalho?

Quem nunca sonhou em romper as barreiras geográficas se mantendo produtivo e com remuneração alinhada ao mercado, sem deixar de usufruir dos melhores cenários, ambientes e culturas diversas? Pois é, o chamado Nômade Digital cresceu de forma vertiginosa no cenário pós-pandêmico representando uma diversificação de áreas que vão além do marketing digital, como programação, suporte tecnológico, educação a distância, terapias online, dentre outras carreiras.

O assunto ganhou destaque pelo Ministério do Turismo na Revista Tendências do Turismo – edição 2023. Estimativas do Relatório Global de Tendências Migratórias de 2022, da Fragomen, apontam que o número de nômades digitais deve chegar a 1 bilhão de adeptos em todo o mundo.

Outro fator regulatório também parece estimular essa carreira. Além do Brasil, países como Portugal, Espanha, Islândia, Tailândia, Emirados Árabes, Costa Rica, Grécia e Argentina já aderiram aos vistos para nômades digitais. São regulamentações específicas atraindo ainda mais o olhar dos interessados.

O nômade digital não é uma carreira, mas sim um modelo remoto de trabalho. Normalmente são profissionais altamente qualificados, criativos e com organização de funções capazes de assumir projetos de alta complexidade de forma alinhada ao seu estilo de vida. Para alguns especialistas pode ser uma solução interessante ao stress corporativo que desenvolve a cada dia uma série de patologias como a depressão, a síndrome de burnout etc.

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Outra hipótese é que seja uma “bolha” momentânea estimulada pelo marketing digital empreendedor, como o aumento de profissionais interessados no conceito Private Label Right, que descreve os produtos com direitos de propriedade intelectual liberados para aquisição, alteração e venda no mercado. Ou seja, a ação empreendedora de “trade” de produtos digitais de diferentes nichos.

Outro fator que vem influenciando esse aumento vertiginoso do nômades digitais é o aumento de influenciadores que detalham o estilo de vida alternativo, desde os viajantes mochileiros tradicionais até o estilo motorhome, extremamente popular no EUA e retradado no filme Nomadland de 2020. A obra também venceu Melhor Filme - Drama e Melhor Diretor no 78.º Globo de Ouro; quatro prêmios, incluindo Melhor Filme, no BAFTA 2021,  e quatro prêmios, incluindo Melhor Filme, nos Prêmios Independent Spirit 2021.

O nomadismo digital hoje impacta todo um ecossistema de trabalho no mundo, movimento novas estratégias em tecnologia da informação, comunicação, gestão de pessoas e até mesmo a cultura do investimento. O que virou apenas um ato de olhar a vida sob novas perspectivas, se transformou em um movimento migratório extremamente relevante a ser estudado pela ótica econômica.

*Robson Gisoldi é jornalista, Mestre em Comunicação e Diretor de Marketing Digital da LAM Comunicação.