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A arte que muda vidas

O professor Emanoel Ceress comenta sobre a função fundamental que a arte exerce diariamente em nossas vidas

Emanoel Ceress* Publicado em 11/08/2022, às 08h57

O Instituto Memaker, em Recife-PE, é voltado para formação de adolescentes através da pedagogia da arte - Foto: Instituto Memaker
O Instituto Memaker, em Recife-PE, é voltado para formação de adolescentes através da pedagogia da arte - Foto: Instituto Memaker
Há quem diga que a arte é desnecessária para a vida, mas canta no chuveiro, não despreza um cineminha e nem perde um show da banda favorita. Há ainda os que veem os movimentos artísticos como protestos ordinários ou invenções sem valor, mas curtem resultantes como o samba, a MPB, o Jazz, o rock... 
Embora muitas pessoas desenvolvam na infância habilidades artísticas que no futuro se transformam em hobbies ou ofícios, também há outras tantas que passam o resto da vida sem refletir sobre a disposição humana de comunicar-se através da arte. Vista como “inútil”, esta perde seu alcance, seu significado e inibe a perspectiva de que diariamente dialogamos com expressões artísticas. Assim, o conhecimento estético, destituído de sentido em face de uma sociedade pragmática, tende a abafar nas novas gerações preceitos construtivos de determinados valores humanos.  
Diante desse fenômeno, vou te pedir licença para tratar de dois valores da arte: o primeiro é a dimensão do prazer do encantamento; e o segundo a do desprazer da repulsa. Ambos atuam no alargamento da perspectiva do pensar. A arte que agrada e exalta o conhecimento, pode ser a mesma que dramatiza e expressa as adversidades da condição humana. Nesta dialética reside uma grande contribuição da Estética para a educação: a visão holística necessária à criticidade, à criatividade e à sensibilidade humana.
 Esferas estas que oscilaram em grau de importância nos currículos escolares do Brasil, o que fez a vivência artística caminhar historicamente categorizada de “Atividade educativa” até “Componente curricular obrigatório”. A falta de acesso às culturas artísticas, contudo, parece ser ainda o verso da moeda não desvirado.

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Foi a partir da preocupação com esse contexto que se constituiu a identidade do Instituto Memaker, instituição que me proporcionou um dos mais espetaculares encontros com projetos sociais, voltados para formação de adolescentes, que já presenciei.  Com a finalidade de mudar a vida de jovens das áreas periféricas da grande Recife através da pedagogia da arte, sua criação se deu para oportunizar o acesso cultural aos jovens e proporcionar formação educacional associando desenvolvimento da autonomia, cultura e formação social. 
A filosofia deste instituto trabalha a percepção de que a arte articula a sensibilidade e a criatividade do indivíduo, e ao passo que este é inserido nos processos artísticos, vê ampliado o seu engajamento social e ativado o processo de percepção sobre a sua autoconstrução.  É assim que os projetos institucionais conseguem vincular oficinas formativas educacionais às linguagens artísticas. Também são oportunizados cursos de línguas, informática, robótica e oficinas profissionalizantes, relacionadas aos projetos de vida dos participantes dos grupos inseridos. 
Ao analisar tudo isso sabemos que os indivíduos podem desenvolver habilidades para apreciar e mergulhar em suas próprias experiências, tornarem-se mais preparados para a vida e aptos a contemplar as produções humanas que mais dialogam com a realidade da vida.
*Emanoel Ceress é Emanoel Rodrigues da Silva, intérprete de língua inglesa, professor de inglês no Gran Cursos Online, especialista em Linguística Aplicada e em Psicopedagogia. Professor de inglês e também tem um canal no youtube.