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O animal de estimação na chegada do bebê

Os animais de estimação precisam ser preparados para a chegada do bebê

Cleber Santos* Publicado em 30/07/2022, às 11h24

Seu pet também precisa ser preparado para a chegada do bebê
Seu pet também precisa ser preparado para a chegada do bebê

Durante a gestação, os preparativos relacionados à chegada do bebê envolvem toda a família. Quando já existe uma criança em casa, costumamos prepará-la por meio de conversas e interações, na participação das consultas, compras ou da montagem do quarto do irmão ou irmã. Com os pets, essa preparação não é feita da forma mais adequada, o que impacta de forma negativa a vida do animal e, claro, no convívio dele com a criança.

Como adestrador e especialista em comportamento animal, tenho recebido bastante procura de tutores que precisam de ajuda com animais deprimidos ou fora de controle, principalmente nos meses subsequentes ao nascimento de mais um membro da família.

É importante frisar que a conversa e o contato do animalzinho com a barriga da gestante formam um vínculo incrível, mas não é o bastante. É preciso também haver um treino específico para que ele consiga conviver de forma diferente com a sua família neste novo momento.

Para dar uma ideia do impacto da gestação na vida dos animais de estimação: eles sofrem influência, inclusive, das mudanças hormonais da tutora. Sentimentos da gestante, como ansiedade, euforia, medo, são absorvidos por eles. Além disso, sentem toda a mudança de rotina: saída para exames, diminuição do tempo dedicado a eles para os passeios ou mesmo um afastamento temporário com os tutores, principalmente da mulher.

Quando me reúno com os clientes, friso que precisamos preparar a família por completo para a chegada do bebê. É preciso um olhar voltado para as emoções desse animal dentro de casa, com o compromisso de fazê-lo internalizar a nova situação. E quando falo “chegada do bebê” incluo período pré-natal, quando os tutores estão com, aproximadamente, seis meses de gestação.

E como prepará-los? O ideal é que os tutores tentem manter a mesma rotina de antes e, se possível, aumentem ainda mais os gastos do pet com atividade física, e também mental e lúdica, para que esse animal tenha mais interação e fique com a energia equilibrada.

A primeira etapa desse treinamento é a que chamamos de fase de cognição, na qual podemos criar simulações do que poderia acontecer dentro da casa com o bebê. São ensinados comandos para que o tutor consiga ter mais controle sobre o animal e ensiná-lo a reagir bem em situações, como visitas mais frequentes em casa, brinquedos espalhados pela casa e com a própria necessidade de silêncio por conta da criança. Outros comportamentos que podem ser treinados nesse momento são: não entrar no quarto sem permissão quando a mãe está amamentando, não subir no sofá ou andar ao lado do carrinho de bebê durante os passeios.

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Nesta fase também é realizado o trabalho com o emocional do pet para firmar seu autocontrole. Considerando que a tutora já está com a barriga pesada e a rotina com o pet fora do padrão, incorporamos comandos positivos para que ele consiga entender que as regras para ele mudaram.

A segunda e a terceira etapas englobam a chegada do bebê e os primeiros contatos entre o pet e o pequeno. No primeiro momento, quando os pais estão mais conectados aos cuidados do recém-nascido, o recomendado é gastar a energia do animal corretamente para que ele não tenha picos de ansiedade, como sair correndo sem controle, latir muito, gerando assim stress nos tutores e na criança. Exercícios físicos, lúdicas e mentais são eficazes para isso.

Já para a fase de integração do animal com o bebê, é indicado um profissional adestrador para ajudar nesse encontro. Às vezes o animal não é receptivo à criança e pode não se aproximar ou não reagir bem ao contato físico. É também importante mantê-lo na coleira nas primeiras aproximações e recompensá-lo neste momento com carinho. Criando essa associação positiva, ele vai perceber que sempre que está com o bebê é gratificado com atenção.

O primordial é manter uma energia tranquila e acolher cada um com o devido cuidado. A convivência entre crianças e pets é super benéfica e não há motivo para ter medos, mas é preciso cuidar de todos, de forma planejada e de cada um à sua maneira.

*Cleber Santos é especialista em comportamento animal, adestrador, e CEO da Comportpet