Mariana Kotscho
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Cozinha afrodiaspórica no Sesc Belenzinho

Alimentação, Saúde e Ancestralidade na programação de outubro do Sesc Belenzinho

Redação Publicado em 04/10/2023, às 06h00

É importante aprender sobre as raízes da cultura afro-brasileira
É importante aprender sobre as raízes da cultura afro-brasileira

Em outubro, o Sesc Belenzinho dá início ao projeto Cozinha Afrodiaspórica. A programação, desenvolvida em consonância com a exposição Dos Brasis: Arte e Pensamento Negro, pretende apresentar ao público reflexões, ingredientes, pratos e bebidas da cozinha africana e afro-brasileira e se estende até fevereiro de 2024.  

Já o Experimenta! Comida, Saúde e Cultura, ação que acontece desde 2017, tem se consolidado junto ao público a compreensão de que a alimentação vai muito além da nutrição e que envolve aspectos como saúde, cultura, meio ambiente e outras questões socioeconômicas.  

A cultura alimentar do Brasil é formada pela herança e presença da diáspora africana, nome dado à imigração forçada de africanos, durante o tráfico transatlântico de escravizados. Nos navios, junto com os indivíduos forçados a seguir esse fluxo, embarcaram também modos de vida, culturas, práticas religiosas, línguas e formas de organização que moldaram a sociedade e a cultura brasileira.  

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Essa formação pode ser sentida no paladar, nos alimentos consumidos, a exemplo do quiabo e feijão-fradinho, e em nomes de preparos e insumos como mungunzá, fubá e acarajé. Além das muitas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) que, apesar da nomenclatura atual, faziam e fazem parte da alimentação negra, subjugadas para as monoculturas, que representam pouca diversidade de alimentos em larga escala. Nesse sentido, é notória a prerrogativa de uma decolonização alimentar que propõe alternativas aos modos de produção e consumo, como a valorização do tempo natural, dos pequenos produtores locais, da agrobiodiversidadede, da agroecologia, e que proporcione um sistema alimentar e social diverso e sustentável. Além disso, são muitas as histórias dos alimentos, passando pela sua viagem da África ao Brasil, aos seus usos e sentidos, até mitos e narrativas nos quais são protagonistas.  

Com esses aspectos em vista, esse projeto tem como premissa evidenciar chefs, pesquisadores e artistas afro-brasileiros contemporâneos, inclusive periféricos. As ações oferecidas têm o intuito de sensibilizar questões raciais e socioculturais e reverenciar a diversidade e riqueza de saberes, técnicas, histórias e significados que envolvem a cozinha africana e afro-brasileira. O espectro de ações envolve: comida dos orixás, bebidas de países africanos, experiências culinárias de reconexão ancestral, entre outras.