Mariana Kotscho
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2022 registra mais de 109 mil internações de crianças e adolescentes por acidentes no Brasil

Quedas, queimaduras e acidentes de trânsito estão entre as principais ocorrências, indica pesquisa da Aldeias Infantis SOS

Redação Publicado em 30/05/2023, às 06h00

Os números, apesar de altos, apontam uma redução de 0,32% em relação a 2021
Os números, apesar de altos, apontam uma redução de 0,32% em relação a 2021

Pesquisa DataSUS realizada pela Aldeias Infantis SOS, por meio do Instituto Bem Cuidar (IBC), indica que, somente em 2022, foram registrados 109.988 casos de internações de crianças e adolescentes no Brasil, causadas por acidentes (lesões não intencionais). As quedas respondem por 43% das ocorrências, enquanto as queimaduras são responsáveis por 20% e os sinistros de trânsito, por 10% do universo avaliado.

Os números, apesar de altos, apontam uma redução de 0,32% em relação a 2021, no total de casos de internações entre a faixa etária de 1 a 14 anos, com destaque para a diminuição nos casos de intoxicação (-11,39%), quedas (-1,50%), sufocação (-4,38%) e sinistros de trânsito (-4,48%). Os dados, no entanto, registram um aumento nos casos de armas de fogo (19,48%), afogamentos (7,61%) e queimaduras (5,55%) .

“A redução dos índices de internação por acidentes entre 2021 e 2022 é pequena, mas a mudança dos tipos de acidentes e das faixas etárias foram muito significativas”, explica Erika Tonelli, especialista em Entornos Seguros e Protetores da Aldeias Infantis SOS.

Conforme a especialista, 90% dos acidentes poderiam ser evitados por meio de ações comprovadas de prevenção, como dicas simples aos pais, familiares e cuidadores para tornar o ambiente doméstico e comunitário mais seguro, promovendo a cultura do bem cuidar e do cuidado de qualidade.

Idades x tipos de acidentes

As crianças que mais sofreram hospitalizações em 2022 tinham de 10 a 14 anos e representam 37% dos internados por acidentes. Em seguida, as mais atingidas foram as com idade entre 5 e 9 anos (34%), de 1 a 4 anos (24%) e as menores de 1 ano (5%).

No grupo de até um ano, houve um aumento de 2,76 % do total de casos de internações, com destaque para os casos de afogamento (18,18%), intoxicações (12,73%), queimaduras (9,03%) e sufocação (2,78%).

Na faixa etária entre 1 e 4 anos, houve uma redução total nos casos de internações (6,27%), com queda significativa para intoxicações (- 18,12%), sufocações (-9,97%), armas de fogo (-8,33%) e quedas (-8,16%). No entanto, foi registrado aumento de casos de afogamento (1,48%).

O grupo que representa as crianças entre 5 e 9 anos também apresentou uma redução (3,26%) no total de casos de internação, principalmente no que diz respeito a intoxicações (-14,14%), sinistros de trânsito (-7,42%) e quedas (-4,86%). Esse público, no entanto, registrou aumento significativo nos casos de afogamento (75%), armas de fogo (22%) e sufocação (10%).

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Por fim, na faixa etária de 10 a 14 anos, houve um aumento expressivo de 6,68% no total de internações, com destaque para o crescimento por armas de fogo (27,91%), queimaduras (14,35%) e quedas (6,51%). E redução nos casos de afogamento (-25,93%), quedas (-12%), sufocações (-9,52%), sinistros de trânsito (-4,89%), intoxicações (-2,60%).

“A precarização das condições de trabalho e a exaustão dos cuidadores podem ter levado a um menor cuidado de qualidade às crianças e à responsabilização dos mais velhos e adolescentes pelos cuidados das crianças menores, acarretando num aumento de acidentes nesta faixa etária”, ressalta Erika.

Além disso, segundo a especialista da Aldeias Infantis SOS, a utilização de álcool, a precarização nas condições econômicas e sociais e a maior quantidade de produtos de limpeza podem ter gerado um aumento nos casos de queimadura e intoxicação para alguns grupos.

Mortes por acidentes

Entre 2020 e 2021, o levantamento observou um aumento de 5% no número de mortes causadas por acidentes, passando de 3.117 para 3.275. Os dados indicam o óbito de nove crianças todos os dias.

Sobre o Instituto Bem Cuidar

O Instituto Bem Cuidar (IBC) é uma unidade meio da Aldeias Infantis SOS que se dedica a proteger e cuidar da infância e juventude. Como organização da sociedade civil, o IBC é responsável por gerenciar conhecimento, pesquisa, consultoria e desenvolvimento de competências e, assim, disseminar uma cultura de cuidado a crianças e jovens. Em junho de 2021, o Instituto recebeu o legado da ONG Criança Segura, como parte do enfoque de atuação nos Entornos Seguros e Protetores, a fim de oferecer serviços de diagnóstico e mapeamento de riscos. O objetivo do IBC é contribuir para a prevenção de acidentes, por meio de treinamentos preventivos e conteúdos digitais educativos, além de prover informações e dados sobre proteção e cuidado infantil.

Sobre a Aldeias Infantis SOS

A Aldeias Infantis SOS (SOS Children’s Villages) é uma organização global, de incidência local, que atua no cuidado e proteção de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. A organização lidera o maior movimento de cuidado infantil do mundo e atua junto a meninos e meninas que perderam o cuidado parental ou estão em risco de perdê-lo, além de dar resposta a situações de emergência. Fundada na Áustria, em 1949, está presente em 137 países. No Brasil, atua há 55 anos e mantém mais de 80 projetos, em 31 localidades de Norte a Sul do país. Ao trabalhar junto com famílias em risco de se separar e fornecer cuidados alternativos para crianças e jovens que perderam o cuidado parental, a Aldeias Infantis SOS luta para que nenhuma criança cresça sozinha