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O milagre do corpo: a emocionante jornada da gestação de trigêmeos

Imagine 3 bebês na sua barriga. Imagine dar à luz 3 bebês. Imagine cuidar de 3. Conheça a história de Gabriela, mãe dos trigêmeos Antônio, João e Ricardo

Gabriela Clemente* Publicado em 01/03/2024, às 06h00

Gabriela, grávida de 34 semanas, na janela do quarto da maternidade, horas antes do parto - foto: Fernanda Sophia
Gabriela, grávida de 34 semanas, na janela do quarto da maternidade, horas antes do parto - foto: Fernanda Sophia

Quando descobri que estava grávida, comecei a idealizar o meu parto. Influenciada pelos inúmeros documentários de parto humanizado disponíveis no Netflix e pelas leituras incessantes, especialmente nas páginas do Instagram, sobre os benefícios do parto na água e da importância de uma equipe humanizada, com doula, enfermeira obstétrica de confiança e um médico que respeitasse as escolhas da gestante, além de bola de pilates, luz baixa na sala de parto e música ambiente, imaginei cada detalhe desse momento único. A expectativa era grande, alimentada pela enxurrada de informações absorvidas diariamente.

A confirmação da gestação, com o exame de sangue, trouxe  uma mistura de emoções: felicidade, ansiedade, medo e sentimentos comuns nesse período. O dia do teste positivo de farmácia foi, sem dúvida, um dos mais felizes da minha vida. No entanto, a ansiedade persistia, afinal, o primeiro ultrassom só estava marcado para a 7ª semana, enquanto eu ainda estava na 4ª. A jornada estava apenas começando.

A experiência do primeiro ultrassom, na clínica escolhida a dedo por mim, superou todas as minhas expectativas. Dra. Marcela não apenas realizou o exame, mas também me acolheu com doçura e compreensão, discutindo minhas expectativas e receios. Foi nesse momento que descobri que não estava grávida de um, nem dois, mas sim de três bebês! A alegria inicial de ver na tela do ultra uma pequena bolinha com um coração batendo logo se transformou em choque ao receber a notícia da múltipla gestação. O pânico tomou conta de mim. “Como eu vou criar três crianças?”, me perguntava.

As consultas seguintes foram fundamentais para que eu pudesse digerir o desafio que estava por vir. Com uma equipe médica exemplar e uma rede de apoio sólida, a insegurança deu lugar à esperança e à alegria na maior parte do processo. Compartilhar a notícia com amigos e família era uma forma de compartilhar a intensidade de emoções confusas que estávamos sentindo, e a reação positiva das pessoas trazia mais conforto e confiança.

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Ao longo da gestação, o milagre do meu corpo, que carregava três vidas, foi uma fonte intensa de sentimentos e sensações. A cada exame, diagnóstico e laudo médico, descobria a força e a beleza do que estava vivendo. O medo inicial deu lugar a uma coragem e resiliência inexplicáveis. Acho que no fundo eu estava me preparando para recebê-los, mas não de forma intencional.

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Gabriela e os trigêmeos Antônio, João e Ricardo, durante a cesárea. Foto: Fernanda Sophia

Às 9h da manhã, do dia 12 de janeiro de 2024, na 34ª semana de gestação, logo após um ultrassom, soube que aquela sexta-feira seria o dia do nascimento deles. Não houve trabalho de parto, doula me buscando em casa, banheira ou bola de pilates, mas houve muito amor. Uma equipe fantástica orientou-me durante uma cesárea humanizadissima (acreditem, isso é possível), permitindo que eu fosse a protagonista daquele momento.

E teve música! Os meninos nasceram ao som de "É Preciso Saber Viver", na voz de Roberto Carlos, uma canção que fazia parte de uma playlist de parto que criei, relembrando as melodias que meu avô, Antônio, cantava para mim. O momento do nascimento foi único, marcado por emoção e gratidão por aqueles pequenos milagres que agora estavam em meus braços.

*Gabriela Clemente é mãe dos trigêmeos Antônio, João e Ricardo, jornalista de formação e sócia-fundadora da Jangada Consultoria de Comunicação.