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Sindemia: você sabe o que é isso e qual nossa responsabilidade neste processo?

Como mãe, por vezes me sinto Alice - maravilhada com o outro lado do espelho e, por outras, me sinto o coelho - atrasada e sempre com pressa. Sindemia?

Ariela Doctors* Publicado em 01/08/2022, às 08h27

Você sabe o que é sindemia?
Você sabe o que é sindemia?

Um dos maiores desafios da humanidade atualmente acredito que seja o tempo ou, a falta dele. Aparentemente não conseguimos dar conta de colocarmos num mesmo espaço o prazer e a responsabilidade. Em relação às novas gerações, temos de ser urgentes e precisos, mas guardando o encanto. 

G. Wells estava certo quando previu estarmos numa corrida entre a educação e a catástrofe. Digo isso porque, se de um lado vemos surgir uma série de movimentos sociais em defesa dos direitos humanos e da saúde planetária, por outro vemos uma sindemia avançando a passos largos. 

A palavra pandemia já consta nos vocabulários de todas as línguas e tornou-se cotidiana depois da Covid-19. Mas e a sindemia? Você sabe o que significa? 

Entenda a sindemia
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Podemos considerar como sindemia a combinação entre três importantes pandemias em curso neste momento no nosso planeta. A pandemia da desnutrição, a pandemia da obesidade - ambas faces da mesma fome - e a pandemia relacionada às mudanças climáticas no globo. 

O que podemos notar de sinérgico entre elas é o fato das três serem decorrentes, principalmente, do sistema agroalimentar global, além de outros fatores sociais em comum. 

Aquela ideia de “cadeia alimentar” ensinadas nas escolas precisa ser urgentemente ultrapassada. Os sistemas agroalimentares não andam em linha. Poderíamos até pensar em círculos contínuos, onde tudo sai da terra e retorna para ela. Mas, entendo que a complexidade desses sistemas vem justamente do fato de eles serem mais que isso. Eles são rizomáticos. Grandes teias que se fundem e confundem, onde todos os seres vivos estão de alguma forma engendrados. 

Portanto, a humanidade tem a obrigação e a necessidade de pensar impreterivelmente soluções e caminhos para, não só frear os processos insustentáveis de consumo construídos ao longo da nossa história, como reverter a rota. 

Seria como parar o planeta no espaço e fazer ele girar ao revés. A sobrevivência da humanidade na Terra depende desta empreitada que aparenta ser hercúlea e de improvável sucesso.

Segundo pesquisas e estudos relacionados aos temas da fome e das mudanças climáticas, isso só seria possível se feito de forma cooperativa e urgente. Ou seja, a responsabilidade é de todas e todos nós. 

Podemos pensar num tripé de responsabilidades que se inter relacionam. Primeiro a responsabilidade individual, que se reflete na nossa saúde física, mental e no entorno, no momento das nossas escolhas alimentares. Por exemplo, preferir comprar alimentos frescos, minimamente processados, provenientes de produtores locais, imprimindo menos pegadas de carbono no meio ambiente e promovendo uma economia circular. A diminuição no consumo e de resíduos, a utilização integral dos alimentos… 

Outra responsabilidade é do Estado, que se reflete em políticas públicas e tem um largo alcance. Por exemplo, em leis de incentivo aos pequenos produtores e a produtos artesanais, a regulamentação na venda de produtos ultraprocessados e bebidas açucaradas, uma legislação mais rigorosa relacionada a utilização de agrotóxicos, ao desmatamento… 

Por fim, mas não menos importante, as grandes corporações, ou seja, as indústrias da alimentação e da publicidade que tem a responsabilidade de fazer cumprir a legislação. Seja no descarte e reciclagem de sobras da produção; seja na rotulagem dos produtos alimentícios, que muitas vezes confundem o consumidor com falsas promessas; seja na utilização inadequada de personagens infantis em propagandas e embalagem de comidas para crianças, ou ainda na exposição de produtos ultraprocessados de maneira inconveniente em mercados e padarias…afinal, que mãe ou pai não se deparou com pedidos insistentes dos pequenos para comprar algum daquele produtos super coloridos dispostos na altura deles no momento de passar no caixa dos estabelecimentos? 

A questão é complexa e envolve muitos atores da nossa sociedade. A única convicção que tenho é que as soluções têm de ser conjuntas e imediatas. Porém, como escrevi lá no início, nós, como mães e pais precisamos continuar fazendo com que as infâncias das nossas crianças não percam o encanto e que a utopia impregne cada pequeno ser que nasce neste planeta. 

Convido a todas e todos a colocar as mãos na massa, deixar que a fantasia invada suas casas e preparar um delicioso macarrão caseiro com molho de tomates maduros e fresquinhos! 

Veja também:

Macarrão caseiro artesanal com molho de tomates frescos

Macarrão caseiro
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Ingredientes para massa 

  • 150g de semolina (grano duro)
  • 100g de farinha de trigo
  • 5 ovos (2 inteiros e 3 gemas)
  • sal a gosto

Modo de preparo 

  1. Misture as farinhas numa vasilha;
  2. Acrescente o sal;
  3. Abra os ovos e as gemas, um a um, e transfira para uma vasilha;
  4. 4. Misture e acrescente a farinha;
  5. Mexa até ficar uniforme;
  6. Deixe na geladeira por uma hora num plástico filme;
  7. Abra a massa com rolo de macarrão ou na máquina e corte com a faca;
  8. Coloque uma panela com água para ferver; quando levantar fervura, acrescente o macarrão e deixe cozinhar por 10 minutos ou até que fique al dente;
  9. Sirva com o molho de tomates ou com manteiga! Fica uma delícia!

Ingredientes do molho de tomate

  • 1 quilo de tomate italiano maduro, fresco e lindo (se o tomate não estiver maduro o molho não ficará bom) se quiserem aproveitar o trabalho, dobre a receita.
  • 5 colheres de sopa de manteiga
  • 1 cebola média descascada e cortada ao meio
  • sal a gosto

Modo de preparo 

  1. coloque uma panela com 2 litros de água para ferver;
  2. faça um x com a faca nos tomates e coloque-os na panela com água fervente;
  3. deixe por 5 minutos ou até que a pele dos tomates comecem a se soltar;
  4.  retire as peles dos tomates e coloque numa panela média, adicione a manteiga, a cebola e o sal e cozinhe sem tampa em fogo baixo por no mínimo 45 minutos, ou até a gordura subir na superfície;
  5. mexa de vez em quando, amassando os pedaços grandes de tomate com a parte posterior da colher de pau;
  6. prove e acerte o sal;
  7. retire a cebola antes de temperar a massa com o molho. Bom apetite!

Utensílios 

  • 2 vasilhas
  • 1 panela média 
  • 1 escorredor de macarrão 
  • 1 rolo de macarrão ou garrafa de vidro lavada 
  • 1 tábua 
  • 1 faca boa 

Você pode conhecer mais do nosso trabalho no site comidaecultura.org e no perfil @institutocomidaecultura do Instagram. Inscreva-se no canal Comida e Cultura - YouTube 

*Ariela Doctors é chef, comunicadora e mãe. Coordenadora Geral do Instituto Comida e Cultura