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A Importância da Generosidade: Uma das Virtudes mais Nobres da Natureza Humana

O individualismo está afastando as pessoas do convívio coletivo e da generosidade

Caroline Oehlerick Serbaro* Publicado em 11/09/2023, às 06h00

A generosidade vai muito além dos bens materiais
A generosidade vai muito além dos bens materiais

Entre as inúmeras características que definem nossa espécie, a generosidade é uma das mais nobres e profundamente enraizadas em nossa essência. Ela não ilumina apenas nossas vidas, mas também constrói pontes entre nós, tornando o mundo um lugar mais compassivo, acolhedor e amoroso.

Vivemos em uma sociedade cada vez mais individualista e centrada no próprio eu. Em meio à corrida pela realização pessoal e busca incessante por sucesso material, muitas vezes nos esquecemos de alguns valores fundamentais capazes de enriquecer verdadeiramente nossa existência, e a generosidade é certamente um deles.

Antigamente, durante a era dos tempos sem princípios, a lei da sobrevivência imperava e o egoísmo era a única possibilidade de ser e estar no mundo - talvez por isso tenhamos ainda hoje traços desse registro no inconsciente coletivo - mas com a evolução da humanidade, percebemos que temos muito mais chance de sobreviver e bem viver se caminharmos juntos, por isso, mais que o egoísmo o registro de fraternidade está profundamente arraigado em todos nós.

Com o passar do tempo, fomos refinando nossos saberes e sentidos e essa sutilização da nossa consciência nos permite lembrar diariamente o motivo que nos faz sair todos os dias da cama para começar um novo dia, e que para além dos nossos propósitos individuais, deveria incluir a intenção em contribuir de forma coletiva para a transformação do mundo em um lugar melhor, mais harmônico e mais generoso.

Essência da Generosidade

No cerne da generosidade está o desejo intrínseco de contribuir para o bem-estar dos outros.

A generosidade não se limita a dar presentes materiais ou dinheiro, embora essas formas de doação sejam importantes. A verdadeira essência da generosidade reside em oferecer um pouco de si mesmo ao próximo, compartilhar tempo, atenção, presença e compreensão. É um ato de amor altruísta, sem esperar recompensas ou reconhecimento.

Quando comecei o trabalho voluntário, meu projeto era esse: tinha em mente que eu deveria ajudar os outros e que isso era o certo a se fazer, mas logo nos primeiros dia de trabalho, ficou claro que eu não estava lá para ajudar, mas para ser ajudada - e naquele momento comecei a entender um pouco mais sobre a essência da generosidade e seu círculo virtuoso. Embora eu estivesse bem intencionada, entrei com uma energia que em algum nível buscava algo; de alguém engajada em trabalhar em prol dos outros sim, mas também porquê moralmente essa atitude contribuiria com meu crescimento e com isso eu teria um ganho - mas a verdadeira generosidade não espera nada em troca - então despertei para o fato de que a aparência de generosidade não se sustenta e que eu tinha muito a aprender com aquelas pessoas sobre humanidade, amor, humildade, e talvez por isso eu tenha sido convidada pela espiritualidade a realizar aquela missão: para fazer as coisas pelos motivos certos, aproveitar a benção que é a possibilidade de contribuir com os outros de forma genuína e para aprender o que eu achava que já sabia sobre muitas coisas.

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Recentemente passei um período desafiador, e se não fosse pelo amor, amizade, presença e generosidade das pessoas que tenho em minha vida, eu não sei como seria. Quando alguém passa por uma situação de luto, a maioria das pessoas se afastam por não saberem o que dizer diante da dor humana, mas o que aprendi com essa experiência foi que uma ligação ou mensagem dizendo “Estou aqui” ou “Quer conversar?” é um tipo de medicina afetiva e que frases dessa natureza são doses de amor que ajudam a curar.

O que as pessoas mais almejam em suas vidas não é riqueza, beleza, fama e poder. O que as pessoas mais querem é sentir que são amadas, e a generosidade é um reflexo sutil do amor e da pureza do coração que eleva, preenche e alegra nossa alma.

Construindo Relações Mais Fortes

A generosidade é um poderoso agente de transformação pessoal e profissional, eis que quando as pessoas sabem que podem contar umas com as outras, as conexões acontecem e os laços se fortalecem.

Quando nos engajamos na prática da doação, desenvolvemos uma visão mais holística do mundo, percebendo nossa interconexão com os outros e com o todo. Essa consciência mais ampla nos ajuda a transcender a mentalidade egocêntrica e nos encoraja a viver com mais fraternidade, amor e sabedoria. A essência da filosofia ensinada nas aulas da Professora Lucia Helena Galvão da escola Nova Acrópole, fala sobre isso, e ao olharmos os ensinamentos dos grandes filósofos clássicos do passado, percebemos que seus preceitos acerca do comportamento humano são atuais e fazem muito sentido em nosso momento histórico para despertarmos para o que verdadeiramente importa.

As relações interpessoais e as interações são inerentes a nossa vida e se pudermos conduzi-las com mais suavidade e gentileza, melhor.

Nesse sentido a generosidade é uma luz brilhante capaz de iluminar até os cantos mais sombrios da existência humana. Ao cultivarmos em nossas vidas essa virtude, construímos um legado de amor que transcende gerações. Além de influenciar positivamente a vida dos outros, ela também nos transforma, tornando-nos seres humanos melhores.

Que possamos abraçar a generosidade como uma prática constante em nossas vidas, reconhecendo a sua importância e capacidade de tornar o mundo um lugar mais acolhedor, belo, bom, justo e amoroso para todos. E, ao fazer isso, descobriremos que a verdadeira riqueza está não naquilo que acumulamos, mas naquilo que oferecemos com o coração.

Os grandes homens e mulheres da história como Jesus, Gandhi, Madre Teresa, Nelson Mandela entre tantos outros, são lembrados e nos inspiram não pelo o que acumularam para si mas pelo o que doaram de si.

*Caroline Oehlerick Serbaro é Advogada especialista em Direito de Família Sucessões com ênfase Interdisciplinar em Psicanálise e Solução de Conflitos, pós-graduada em Mediação, Conciliação e Justiça Restaurativa, estudante de Filosofia e Psicanálise, Head Direito de Família no escritório Afonso Paciléo Sociedade de Advogados eCo-Criadora do Projeto @divorciandos.