Mariana Kotscho
Busca
» GRAVIDEZ SEM ÁLCOOL

O que podemos melhorar para diminuir a incidência da Síndrome Alcoólica Fetal?

A alta incidência de gravidez na adolescência e o desconhecimento dos males provocados pela ingestão do álcool na gestação podem ter como consequência a Síndrome Alcoólica Fetal

Regis Ricardo Assad* Publicado em 21/08/2023, às 10h00

Gravidez e Álcool não combinam. Álcool e gravidez: Tolerância zero.
Gravidez e Álcool não combinam. Álcool e gravidez: Tolerância zero.

A ingestão de qualquer quantidade de álcool durante a gestação pode comprometer a saúde do feto e causar comprometimentos neurológicos irreversíveis no recém-nascido, que tem sua forma mais grave na Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Estudos mostram que a cada ano as mulheres estão consumindo uma quantidade de álcool cada vez maior e iniciando a ingestão em idades cada vez menores. Estima-se que 20% dos adolescentes ingerem álcool a partir dos 13 anos de idade. A iniciação sexual entre os jovens também está tendo um início mais precoce.

Com isso, estatísticas mostram que 25% das mulheres gravidas são adolescentes. Portanto, o consumo de álcool precocemente e a gravidez não planejada nas meninas são parâmetros importantes de atenção e monitoramento para não termos números mais elevados de crianças portadoras da SAF. Esta síndrome é a principal causa de deficiência intelectual não transmissível entre as crianças e pode ser evitada quando a gestante não consome bebidas alcoólicas durante a gestação.

Veja também

Quais ações poderão ser úteis para diminuirmos esta estatística?

  • Conversar livremente com os filhos adolescentes em casa sobre os efeitos nocivos do consumo de álcool; assim como as consequências de uma gravidez precoce e como o álcool na gravidez traz sérios problemas de saúde ao feto e ao recém-nascidos.
  • As escolas devem promover palestras para desestimular o consumo de álcool na adolescência, falando, inclusive, sobre a Síndrome Alcoólica Fetal. Também seria importante incluir no currículo escolar atividades sobre cuidados com a saúde do adolescente.
  • As entidades religiosas, centros comunitários e outras entidades que lidam com crianças e adolescentes devem também abordar assuntos sobre consumo de álcool com responsabilidade, prevenção da gravidez e SAF.
  • Clubes de serviço podem fazer campanhas de esclarecimento. 
  • As Unidades Básicas de Saúde podem distribuir panfletos com orientação. 
  • Médicos e outros profissionais de saúde devem aproveitar o momento da consulta para fazer a prevenção da SAF e do consumo do álcool.
  • As Secretarias de Saúde em todas as esferas municipais, estadual e federal devem considerar os distúrbios fetais relacionados ao álcool e a SAF como um problema de saúde pública e promover campanhas de prevenção e esclarecimento.
  • O ministério público também, nas varas da Infância e juventude e nos conselhos tutelares podem trabalhar fiscalizando as ações em prol da prevenção. 
  • Todos os locais que comercializam bebidas alcoólicas devem ter um cartaz de advertência sobre os malefícios do consumo de Álcool e gravidez.

O consumo do álcool durante a gravidez produz graves prejuízos ao feto e ao recémnascido. A prevenção é responsabilidade de todos. Gravidez e Álcool não combinam. Álcool e gravidez: Tolerância zero.

*Regis Ricardo Assad é pediatra e Membro do Núcleo de Estudos dos Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-nascido (SAF) da Sociedade de Pediatria de São Paulo