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Devo levar meus filhos ao estádio de futebol?

Estar no estádio e torcer pelo time do "coração" ajuda na conversa com seus filhos sobre sentimentos e emoções

Larissa Fonseca* Publicado em 21/08/2022, às 06h00

Isabel, de 16 anos, adora ir aos estádios torcer pelo São Paulo
Isabel, de 16 anos, adora ir aos estádios torcer pelo São Paulo

O futebol é o esporte mais famoso no Brasil, classificado como “paixão nacional”.

Em ano de Copa e com tantas competições acontecendo, muitas famílias se questionam se devem ou não levar os filhos aos estádios.

A emoção de estar em um estádio, torcendo pelo time favorito é uma boa oportunidade para estreitar vínculos e aproximar pais e filhos.

Não existe uma idade específica para se levar a criança ao estádio, o que vale considerar são as condições gerais para tal passeio. Não é recomendável levar bebês por conta do excesso de barulho e exposição a muitas coisas da quais o bebê ainda não está protegido. Crianças até 3 anos também tendem a ter menos tempo de concentraçao, então, vale à pena saber se esse será um passeio significativo para seu pequeno.

Alguns dias antes do evento (de 2 a 3 dias), avise a criança de que ela assistirá o time do coração ao vivo. Converse sobre as expectativas dela e antecipe como deverá ser o grande dia.

Para evitar surpresas desagradáveis, considere primeiramente a segurança. Planeje levar a criança em um jogo de pouca rivalidade (grandes clássicos têm maior possibilidades de brigas entre torcidas). Verifique também se o horário está de acordo com o itinerário familiar.

Programe-se na compra dos ingressos, horários, estratégia de chegada e saída do estádio, alimentaçao e bebida. Dependendo da idade da criança, ela vai pedir por comida e bebida e vale estar preparado para isso. Faça um lanche com suco, água, bolo ou sanduiche e fruta. Se o pequeno usar fraldas, lembre-se de levar uma malinha (pequena e prática) com ao menos 3 fraldas extras, algodão ou lenço umedecido e uma troca de roupa extra.

O importante é estar presente e atento a cada descoberta e se divertir junto com a criança.

Com o objetivo comum de torcer pelo time “do coração” as crianças vão aprendendo a rir e festejar os momentos de vitória e também se chatear com as derrotas, tendo a oportunidade de entender que nem tudo na vida é como gostariam que fosse. Neste momento, os pequenos também aprendem a conviver com sentimentos como ansiedade, desejo e felicidade, além de lidar com suas preferências. Também, os pais podem ensinar que nem sempre a torcida traz alegrias, mas que o momento pode sim ser divertido. Uma outra dica é aproveitar o momento para abordar valores e temas como dedicação ao esporte e ao trabalho, trabalho em equipe, esforço, disciplina, treinamento, concentração, organização, planejamento, estratégia, entre outros.

A derrota do time do coração traz à tona um assunto muitas vezes esquecido, porém, de uma importância ímpar no desenvolvimento emocional saudável das crianças: saber lidar com derrotas e frustrações.

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Muitas vezes vejo tantas crianças chorando copiosamente por seu time estar fora do campeonato, muitos adultos revoltados e inconsoláveis, pessoas se agredindo por conta de uma simples derrota (afinal, em um campeonato apenas um time será o campeão, assim, “faz parte do jogo” que todos os demais ocupem outras posições que não a primeira), e percebo o quanto essa competitividade na qual vivemos no mundo atual e acabamos passando e até incentivando nossos filhos a cultivarem, é prejudicial para sua saúde física e mental.

Perder e se frustrar em algum momento da vida é inevitável. E saber lidar tanto com as perdas e frustrações, quanto como com os sentimentos que isso gera, ajuda-nos a enfrentar e passar por esses momentos de modo muito menos doloroso.

Assim, se quiserem contribuir de modo positivo com o desenvolvimento emocional e psicológico de seus pequenos, comece parando de tentar poupá-los de situações frustrantes e passe a lhes explicar esses sentimentos, apontando caminhos para que consigam lidar com elas.

Se o time do coração foi derrotado no jogo ou no campeonato, se seu filho chorar, ficar triste, apenas o abrace e converse, explicando que aquele sentimento é normal e passageiro e, assim como os jogadores, não vale a pena parar de jogar, pois sempre tem os próximos campeonatos para continuar batalhando pela diversão e melhoria.

Ainda, se seu filho for bem novo, vale auxiliá-lo nomeando os sentimentos que ele possivelmente possa estar sentindo e fazendo o mesmo com as explicações.

Provevelmente os pais estarão chateados com a derrota também e vale dizer isso ao filho e compartilhar esse sentimento e estratégias para superá-lo fazendo combinados bacanas para os próximos jogos!

E é valido lembrar que os pais jamais devem pressionar ou chantagear seus filhos para que torçam por determinado time. A criança deve sentir-se amada independentemente de suas escolhas e ter a segurança de que os pais a apoiarão.

Larissa Fonseca sorrindo
Larissa Fonseca

*Larissa Fonseca é Pedagoga e NeuroPedagoga graduada pela USP, Pós Graduada em Psicopedagogia, Psicomotricidade e Educação Infantil. Autora do livro Dúvidas de Mãe.