Mariana Kotscho
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Sobre o meu maternar

Tabata Alves tem 4 filhas e nos conta sobre esta aventura que é maternar

Tabata Alves* Publicado em 28/08/2022, às 06h00 - Atualizado em 12/10/2022, às 06h00

Filhas de Tabata Alves - Foto: Arquivo pessoal / Tabata Alves
Filhas de Tabata Alves - Foto: Arquivo pessoal / Tabata Alves

A maternidade nunca foi uma questão para mim, desde pequena sinto que era algo que estava em mim e muitos que conviveram comigo também tinham a mesma percepção. Minha referência de mãe é a melhor que eu podia ter, meus pais sempre fizeram de tudo por nós e esse exemplo sempre foi muito claro para mim. O problema é que eu coloquei a minha régua lá no alto, então na minha cabeça eu só poderia ser uma mãe igual ou melhor do que a minha mãe foi para nós.

Porém, eu também tinha meus próprios parâmetros maternais que gostaria de seguir, coisas que eu faria diferente. E fiz, e faço ainda. Hoje meu maternar é do meu jeito, mas tenho muito da minha mãe em mim, o que me torna uma mulher excepcional, mas lembra que eu me meço por aquela régua lá no alto? Eu sempre acho que posso fazer mais e melhor, e isso consequentemente, me traz um fardo que eu não precisaria carregar, mas eu carrego porque está em mim. Eu fui moldada a ser essa pessoa e só me dei conta disso há pouco tempo e, justamente, porque meu maternar ficou difícil, uma coisa que sempre fiz de olho fechado e pé nas costas me desmontou completamente.

A chegada da Isabela (minha filha número 3) me trouxe desafios que eu NUNCA imaginei. Ser mãe sempre foi algo do qual me orgulhava e sempre achei que eu sabia tudo o que precisava. Sempre foi leve, sempre foi fácil. Com a Isabela eu realizei a vontade que eu tinha de amamentar, mas nem de longe eu poderia imaginar a entrega que seria e o que exigiria de mim física e mentalmente.

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Eu descobri ainda que tudo o que eu sei sobre ser mãe, foi por água abaixo, afinal, nada funciona com ela. Não quis chupeta, não quis mamadeira, mal aceitou a comida. Mas descobri também que eu coloquei uma expectativa tão grande nela, que não era justo. Não é! Imagina alguém que acabou de chegar, não conhece ninguém, vive uma rotina completamente diferente das outras crianças no meio de uma pandemia, foram tantas coisas que eu esperava dela, que em nenhum momento eu parei para pensar nela. Eu estava preocupada somente comigo, em voltar para minha vida, para o meu corpo e para a minha rotina.

Demorou um pouco para eu entender, e foi ela quem me mostrou que eu preciso ir mais devagar. Que preciso olhar para tudo com mais leveza e mais carinho, que precisamos viver o momento presente. É lindo isso né, mas é fácil? COM TODA A CERTEZA, NÃO! Mas luto por isso todos os dias. A pandemia e mais alguns problemas que vieram junto com ela, me trouxeram diversas crises de ansiedade e depressão, crises que me fizeram ver o pior de mim, que me fizeram olhar para dentro com tanta amargura, tristeza, desprezo e decepção, que desistir parecia ser a única saída. E é preciso muita força de vontade para não desistir, quando a gente não consegue enxergar mais nada. Não existe rede de apoio, não existe pai e mãe, não existe marido e amigo. Existe você e o quanto você quer continuar essa luta. Eu não quero mais viver nessa briga diária para não deixar qualquer coisa me desequilibrar, mas é extremamente exaustivo.

*Tabata Alves é mãe da Lili, da Soso, da Bebela e da Maya