Mariana Kotscho
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Desafios de uma multinacional ao longo de 50 anos no Brasil

Isabela Galli conta sobre sua história de 30 anos na mesma empresa multinacional

Isabela Galli* Publicado em 18/03/2024, às 06h00

Isabella Galli
Isabella Galli

A entrada de uma multinacional em um país é sempre repleta de incertezas e possibilidades. Embora seja verdade que enfrentar um mercado com dinâmicas diferentes, tributações diversas e culturas únicas, cada etapa superada é uma conquista significativa. Neste sentido, qualquer companhia global que complete cinco décadas em um país pode se sentir vitoriosa. Pensando no cenário brasileiro, onde 80% das empresas não ultrapassam os 10 anos de atividade, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), superar exponencialmente este marco requer um trabalho robusto, impulsionado pela evolução contínua.

Há cinquenta anos tínhamos um panorama bastante diferente por aqui. Depois do chamado "Milagre Econômico Brasileiro", o ano de 1973 apresentou ao Brasil novos desafios nesse sentido. Ao fim do período, marcado por um crescimento acelerado do Produto Interno Bruto (PIB), com uma taxa média de 11,1% ao ano entre 1968 e 1973, surge um cenário antagônico, quando o país se viu confrontado pela crise do petróleo, fator global que balançou a economia interna, até então, altamente dependente de importações.

Nesse período em que a inflação também começava a entrar em patamares elevados, em 1974, a multinacional que eu lidero atualmente inicia a produção de soluções autoadesivas localmente. Mesmo com a economia enfrentando dificuldades nos anos seguintes, atravessando uma das mais graves crises de sua história nos anos 80, a qual resultou na estagnação do PIB e em taxas de inflação sem precedentes, seguimos investindo na ampliação da nossa fábrica e equipe.

Como plano de fundo para sustentar essa longa jornada, desenvolvemos nosso trabalho diário a partir da construção de um legado sólido, baseado em valores como a integridade, o trabalho em equipe, a inovação e o compromisso com o país; uma responsabilidade que supera o trabalho operacional e abrange questões como a sustentabilidade, a diversidade e a inclusão. Entendemos, há muitos anos, que esses desafios, agora tratados como pautas prioritárias,  deveriam estar no nosso DNA e assim fizemos. Superar as expectativas de mercado e antecipar as necessidades da sociedade têm sido a nossa essência.

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Nesse caminho, a sustentabilidade tem um papel essencial. Isso envolve buscar alternativas para mitigar os impactos socioambientais e promover uma atmosfera repleta de impactos positivos para o meio e suas comunidades. Protagonizar a economia circular em sua cadeia de atuação, estimulando a conectividade entre todos os seus elos, bem como firmar parcerias que ajudem a superar diferentes desafios locais, são alguns dos principais combustíveis para se construir uma trajetória sólida por 50 anos.

Existe também um ponto extremamente relevante, imprescindível quando se pensa em uma história corporativa de meio século: as pessoas que dedicam boa parte de suas vidas para que todo esse progresso possa acontecer. Por isso, oferecer uma atmosfera de trabalho que valorize esses esforços, por meio de programas que capacitem e estimulem o desenvolvimento das habilidades, que promova e equilibre um quadro diverso e inclusivo de colaboração, pode trazer resultados que superam as metas mais ousadas.

Observando minha trajetória profissional de 30 anos em uma multinacional, é possível demonstrar como essas iniciativas refletem, de fato, a filosofia de trabalho de uma companhia internacional que tem compromissos sérios com o país em que atua. Comecei como estagiária na área de desenvolvimento de produtos e fui aprendendo, a cada experiência por todos os departamentos que percorri, a importância de ouvir atentamente: uma habilidade fundamental para alcançar a liderança e promover a evolução. Fui inspirada por líderes que me guiaram por caminhos promissores e levei comigo as melhores práticas adquiridas.

Todas as oportunidades que recebi me permitem, hoje, olhar para o passado com gratidão, mas também olhar para o futuro com entusiasmo. E acredito que seja assim que devemos seguir adiante, para que outros 50 anos de história continuem a ser escritos. A missão de garantir a longevidade de um negócio não se cumpre sozinha. Renovar constantemente o compromisso de excelência com o mercado, parceiros, clientes, colaboradores e sociedade, para preservar essa relação de confiança que conquistamos até aqui, é o que nos move e nos inspira a ir além.

*Isabela Galli é VP e Gerente Geral da Avery Dennison na América Latina